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domingo, 4 de setembro de 2011

Fugindo dessa impressão que traz repulsa ao pensar que pode ser verdade. Um sonho, um pensamento, uma observação, uma lâmpada que se acende na cabeça, mas que não tem o poder de clarear. Não acho que seja mais uma lâmpada, mas apenas um ponto de interrogação. Estou a correr de mim mesmo? Tentando enganar a mim e aos outros sobre quem é quem aqui? Seja o que és. Mas se tento me modelar, este não sou eu? Sinto que às vezes escorrego para longe de mim. É incrível como não percebo, como lembro que disse que não seria assim. Mas quando a luz passa por aqui só observo fiapos que me prendem àquilo que eu deveria ser. Eu vivo de tentativas visando o horizonte, e sei que quanto mais eu correr mais ficará distante. Mas enquanto o tempo passa, as tentativas ganham valores e se tornam algo concreto. E eu já não posso dizer que ainda sou aquilo que era. Às vezes é como se existissem duas partes, dois mundos, duas faces. Duas pistas, e caminhar pelo meio não me parece tão errado. Razão que me governa, emoção que me domina. Dizem que tudo demais faz mal. Por isso que digo que estou certo em pensar que meu lugar é aqui. Porque sou o que quero ser, no tempo que preciso, num tempo que divido. E se não for por aí uma hora eu vou saber. Mas posso continuar a correr, nesta mesma direção, neste mesmo sentido. Porque eu sei que existe algo precioso que colabora para que as coisas se ajeitem, ainda que seja no final. Mas até a parte que chamas de final, muita coisa bonita e alegre, muita coisa que te faz pensar “valeu a pena”, irá ter passado por mim. Já que mesmo só até agora são incontáveis, indescritíveis, irreversíveis, inigualáveis, inabaláveis... E são minhas, que bom.

M.Rosa

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