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sexta-feira, 25 de março de 2011

Medo

"Um não, às vezes um "não sei"
Janela, madrugada, luz tardia
E o medo nos acorda
Para e bate o coração
Em pura disritmia
O medo amedronta o medo
Vela, madrugada, dia..."

 
O choro que quer sair.
Soluços presos, grito engasgado.
Só lágrimas a escorrer pela face. Mas que não são nada com parado as que buscam liberdade.
Não, não se pode e não se quer acordar e preocupar.
É como quando se tem vontade de espirrar ou de bocejar, mas não consegue, ou prende.
Sente um pano encharcado dentro de si pedindo para ser torcido, para transbordar a água que já não suporta.
E de tanto relutar parece que este encontrou espaço na cabeça para se descarregar. E esta dói, como nunca antes.
E dessa vez não foi chocolate, foi água. Que irônico colocar mais água para dentro! Água enquanto fitava a chuva pela janela. E foi acalmando, passando...

“__ Durma medo meu”.


Os seus olhos brilhavam deixando claro a sua felicidade.
O sol também brilhava e o dia também era claro. E dentro dela era só dia.
Na noite anterior havia chovido como há muito não se via. Na noite anterior o barulho dos trovões escondia os soluços que ela não conseguia prender.
E assim a noite lhe fazia companhia.
Caía água dos seus olhos, caía água do céu.
Caiu no sono, o pranto diminuiu até cessar.
Cessou a chuva e também as lágrimas.
Ela era como o tempo e o tempo fazia companhia a ela.
Depois da tempestade veio a calmaria. Depois do inverno que havia em seu coração, veio o sol brilhando, um pouco depois da meia noite.
Tudo sabia que ela merecia ser feliz.
E agora o sol brilha e os seus olhos brilham de felicidade.
Sua risada é acompanhada pelo canto dos pássaros.
Os guarda-chuvas estão fechados, o tempo está aberto como o seu coração.
Aberto para tudo que a cerca e faz parte do seu mundo.
Para tudo que ela quer, porque possível, só simplesmente tudo.

“__ Medo, escorre entre os meus dedos
Entre os meus dedos
Eu lambo os dedos
E saboreio meu próprio medo”.

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